Elói Carlos – Da Editoria
Um dia desses qualquer, cansado do aperto dos sapatos e também do desconforto do tempo quente, usando meias, um homem resolveu que iria trabalhar de chinelos, destes de dedos, com correias e que são os mais simples e também os mais usados. O que era para ser apenas o descarte da prisão de seus pés se transformou em uma tortura, ele teve que responder a perguntas o dia inteiro, que por conta disso, culminou neste relato.
“Você está trabalhando de chinelos?”, “Porque você está de chinelos?”, “Qual o motivo de estar de chinelos?”, “Está com o pé machucado?”, “Nossa, que modelinho hein?”, “Não tem sapatos não? Estas foram apenas algumas indagações que uma pessoa teve que responder, por deixar os sapatos em casa. Isso nos remete a um personagem das crônicas do escritor Luis Fernando Veríssimo, que resolveu usar um nariz postiço – aquele com óculos – e perdeu clientes, amigos e até a família, com vergonha dele.
Burro ou inteligente, alegre ou triste, feio ou bonito, bom ou ruim, humilde ou soberbo, agradável ou intragável, sossegado ou inquieto, preguiçoso ou trabalhador, tímido ou extrovertido, letrado ou analfabeto, nada disso é medido pelo que as pessoas calçam nos pés. Não é um simples chinelo que vai fazer alguém, menos alguma coisa; nem um sapato suntuoso, que vai fazer alguém, mais alguma coisa.
Nosso personagem – Antonio José, poeta, escritor e diretor do Jornal O LIBERAL –, desistiu de qualquer dia desses ir trabalhar descalço. Segundo ele, infelizmente, as convenções nos aprisionam e mesmo querendo ser livres, fica difícil em meio a tantas regras a seguir.
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