*Por Antonio José
Na noite de Natal tudo estava perfeito na casa da Maria Aparecida, as três filhas e os dois filhos reunidos, com genros, noras e os netos em torno da mesa farta e festiva. Fizeram amigo secreto para revelar alguns presentes e demonstrar mais fraternidade ainda, e comemorar com a família. Antes foram à Santa Missa celebrando o nascimento do Menino Jesus, vivenciado no tempo do Advento.
Sempre nesta noite, a vida de Maria Aparecida passa como um filme em sua cabeça, através do reflexo das bolas coloridas de sua árvore de Natal. Quando Geraldo foi embora, sufocado pelo desemprego e as dificuldades de criar os cinco filhos, ele não deve ter mensurado que com o seu gesto covarde, de renúncia à família, multiplicaria as dificuldades para sua esposa, sozinha, para dar conta de tudo.
Esse Menino Jesus que nasce neste Natal foi o alicerce desta mãe, para que não desistisse de seus filhos, trabalhou em serviços duros como diarista, zeladora, lavadeira e outros mais, com jornada muitas vezes, dupla. Ela nunca teve descanso, enquanto não viu os cinco filhos estudados, com boa formação e agora casados. A noite de Natal é mágica para Maria Aparecida, porque ela se recorda do malabarismo que tinha que fazer para que as crianças tivessem uma “Noite Feliz” neste tempo.
A mesa farta de hoje, foi por muitas vezes a mesa com pouca opção, porém sempre recheada de dignidade e verdadeiro sentimento Cristão. Ela desperta de seus pensamentos e como matriarca comanda a festa da Ceia do Natal com a família. Só Deus e ela que sabem o quanto difícil foi chegar até aqui.
Em um canto qualquer de uma praça, Geraldo está só em mais uma noite de Natal. Ninguém sabe dele, onde vive e como vive, talvez nem ele mesmo saiba.
Nota do autor: Apesar do brilho da Noite de Natal, quis homenagear todas as mulheres que são abandonadas com seus filhos e dedicam as suas vidas para mudar suas histórias.
*Antonio José é diretor e editor do Jornal O Liberal de Campo Mourão; tem três livros de poesias editados: Lágrimas (1989) em coautoria com Oswaldoir Capeloto, Fragmentos (1998) e Mais Uma Vez a Poesia! (2002). Em tudo que faz usa uma frase que sintetiza o que mais acredita na vida depois de Deus: É Permitido Sonhar…!
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